Publicações de mestrandos do PROFSAÚDE apontam caminhos para fortalecer a Atenção Primária à Saúde

Três estudos realizados por seis mestrandos da turma 4 do Mestrado Profissional em Saúde da Família (PROFSAÚDE) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em parceria com a Escola de Saúde Pública da Paraíba (ESP-PB), analisaram o perfil, as competências e as práticas de 300 residentes e preceptores das residências em Medicina de Família e Comunidade (MFC) e Multiprofissional em Saúde da Família (RMSF) na Paraíba.

Esses trabalhos, publicados em periódicos internacionais de destaque, oferecem contribuições valiosas para o aprimoramento da formação e atuação desses profissionais, fortalecendo a Atenção Primária à Saúde (APS), porta de entrada fundamental do Sistema Único de Saúde (SUS).

O primeiro estudo, conforme explicou a professora Silvana Santos, coordenadora do (PROFSAÚDE), investigou os fatores que influenciam a decisão de médicos residentes e preceptores em permanecer atuando na APS após a residência. Os resultados mostraram que essa escolha está fortemente associada às experiências formativas vivenciadas durante a graduação e à prática direta nos serviços de APS.

A motivação para continuar na MFC geralmente começa na graduação e se solidifica com a experiência no território, que promove a identificação do profissional com o trabalho. Para a professora Silvana, esses dados reforçam a importância de fortalecer a formação e o contato prático do estudante com a APS para estimular sua permanência na carreira.

O segundo estudo elaborou um Inventário de Competências com base na autoavaliação de 300 profissionais vinculados às residências de MFC e RMSF. A ferramenta avaliou 34 competências essenciais para a atuação na APS, permitindo identificar fragilidades formativas, lacunas assistenciais e potenciais preceptores. Os achados, segundo explicou a professora, indicam que muitos profissionais ainda se sentem inseguros em procedimentos como a inserção do DIU, e que residentes tendem a subestimar suas habilidades em comparação à avaliação dos preceptores.

O terceiro estudo analisou a relação entre o autocuidado dos profissionais de saúde e sua motivação para promover hábitos saudáveis junto à população da APS. A partir da análise de 300 residentes e preceptores, constatou-se que aqueles que cuidam regularmente de sua saúde demonstram maior motivação e engajamento na prevenção da obesidade e das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs). Porém, foram identificados também altos índices de inatividade física e transtornos mentais, especialmente entre residentes. A pesquisa sugere o desenvolvimento de plataformas digitais para promoção da saúde, ações educativas e pesquisas interativas nos programas de residência, ressaltando que o cuidado pessoal é fundamental para a qualidade do cuidado oferecido ao outro.

As três pesquisas da Turma 4 do PROFSAÚDE foram reunidas no Portfólio de Resultados de Pesquisa, disponível no site do programa da UEPB. Este documento sintetiza as contribuições desse esforço coletivo entre pesquisadores, docentes, gestores e residentes, abordando os desafios da formação na APS e propondo intervenções e estratégias para seu fortalecimento.

Voltado a coordenadores, preceptores, residentes e gestores do SUS, o portfólio estimula o debate sobre políticas públicas e práticas formativas alinhadas às demandas regionais, contribuindo para um SUS mais forte, integral e qualificado para a população brasileira.

Para a professora Silvana Santos, “a principal inovação desses trabalhos está no próprio processo de produção do conhecimento e em sua devolutiva aos programas de residência. “Buscamos envolver todos os programas de residência voltados à Saúde da Família no Estado da Paraíba, com o objetivo de compreender os desafios da formação e propor soluções construídas por meio do diálogo com instituições e gestores. Os mestrandos atuam de forma colaborativa e dialógica com a equipe docente do programa, preceptores, coordenadores dos cursos de residência e gestores, configurando um processo rico e potente, no qual a palavra-chave é colaboração”, explicou.

Texto publicado originalmente por:https://uepb.edu.br/publicacoes-de-mestrandos-do-profsaude-apontam-caminhos-para-fortalecer-a-atencao-primaria-a-saude/